Sistema de alerta de desastres naturais chega à Bahia em março
Brasileiros de qualquer parte do país poderão receber, via celular, alertas sobre ameaças de desastres naturais previstos para a região onde moram e, assim, tomar medidas preventivas. O serviço gratuito, coordenado pelo Ministério da Integração Nacional e em teste há quase um ano, já está disponível em nove Estados e deve chegar ao restante do país até o mês de abril. No estado da Bahia, o serviço estará disponível a partir de março.
O Serviço de Alertas por SMS orienta a população quanto aos procedimentos a serem adotados diante do risco de inundações, deslizamentos de terra ou secas, por exemplo. A ação acontece em parceria com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e com as operadoras de telefonia móvel.
“Todos nós estamos submetidos a riscos de desastres naturais, mas com esse serviço inédito qualquer cidadão poderá se antecipar e evitar ser vítima de uma tragédia”, afirma Élcio Barbosa, diretor do Centro de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec) –órgão vinculado ao Ministério da Integração.
As mensagens são geradas pelas Defesas Civis dos Estados, que dispõem do mapeamento das áreas de riscos de onde estão sediadas, sempre que algum evento meteorológico se aproxima.
O texto de até 160 caracteres é enviado ao Cenad e, de lá, é transmitido para os celulares por meio das operadoras. “O sistema é praticamente todo feito dentro de uma plataforma eletrônica. Existe apenas um filtro, que é realizado por pessoas, para evitar que conteúdos que não sejam alertas de desastres passem pelo sistema”, afirma Barbosa.
Segundo o diretor, a plataforma, que custou cerca de R$ 70 mil, foi o único gasto para os cofres da União. Coube às empresas de telefonia móvel, que têm adesão voluntária, arcar com o custo de implantação do serviço –conforme previsto na Lei 12.983 de 2014 e ratificado por meio da Resolução 656 da Anatel no ano seguinte.
No último dia 13, moradores do Havaí receberam uma mensagem de alerta falso do serviço de emergência do arquipélago avisando que a região estava sob um ataque de mísseis e pedindo que a população procurasse abrigo. O aviso causou tumulto na região e dúvidas de internautas nas redes sociais.
O governador do Havaí, David Ige, pediu desculpas e classificou o caso como “infeliz e lamentável”. O órgão que cuida das gestões de emergência afirmou que a mensagem foi enviada devido a um erro humano durante uma troca de turno.
CADASTRO
Moradores dos Estados que já contam com o sistema devem receber no celular a mensagem: “Defesa Civil Nacional informa: novo serviço de envio de SMS gratuito com alertas de área de riscos. Para se cadastrar basta responder com os oito números do CEP de interesse com ou sem hífen ou ponto”. Não é preciso ter créditos nem internet.
Se o usuário, por algum motivo, não receber esse comunicado, ele poderá enviar um SMS para 40199 com os CEPs de interesse. Em ambos os casos, o usuário receberá um informe indicando se o cadastro foi realizado.
Eduardo Macedo, geólogo do Instituto de Pesquisa Tecnológicas do Estado de SP (IPT), acha o novo serviço “excelente”, mas ressalta que será comum acontecer alertas incorretos porque o foco é o macro, a região, e não o micro, a rua.
“Por outro lado, as prefeituras precisarão melhorar suas estruturas para atender esse cidadão que recebe a informação importante, mas muitas vezes não sabe a quem recorrer”, diz o pesquisador.
Os alertas foram testados durante seis meses no ano passado em 25 cidades de Santa Catarina e do Paraná, atendendo a mais de 500 mil usuários de telefonia móvel. Em algumas ocorrências, a mensagem chegou três horas antes da intempérie, dando tempo para a população se preparar.
“Foi o caso de Lajes (SC), que conseguimos avisar sobre uma chuva de granizo e as pessoas conseguiram evitar maiores danos materiais e acidentes”, diz Barbosa.
Atualmente 1,8 milhão de pessoas estão cadastradas nos nove Estados contemplados, ou seja, apenas 1,5% do total de habitantes, segundo dados de estimativa populacional do IBGE divulgados no ano passado.
“No geral, ainda não temos a cultura de percepção de riscos, por isso, precisamos investir mais na divulgação do serviço para que mais pessoas conheçam e possam aderir”, afirma o diretor.
Para fazer os alertas chegarem a um maior número de brasileiros, o grupo formado pelo Cenad, pela Anatel e pelas operadoras estuda ampliar o serviço para as televisões por assinatura. Nesse caso, a notificações enviadas pela Defesa Civil Estadual apareceriam como “pop-up” (janela instantânea) sobrepostas à programação que estiver sendo assistida.
O texto será o conteúdo gerado pelos órgãos de defesa civil, alertando sobre a possibilidade de desastres e orientando a população.
Fontes: Bocão News