Com prêmio recorde, Copa do Brasil é mina de ouro para times pequenos
O alívio financeiro por quase todo o ano em 90 minutos. Isso é o que a Copa do Brasil de 2018 representará para muitos times pequenos.
Após fechar no fim de 2016 um novo acordo para transmissão do torneio com o Grupo Globo, que renderá mais de R$ 300 milhões por ano para a entidade até 2022, a CBF aumentou a premiação do torneio. Agora, uma vitória -ou até mesmo a eliminação- na rodada inicial podem garantir a saúde financeira dos clubes por praticamente um ano inteiro.
Adversário do São Paulo nesta quarta-feira (31), às 21h45, o Madureira é um dos exemplos de equipes pequenas que apostam tudo nesta etapa inicial do torneio.
Só por disputar a competição, o clube receberá R$ 500 mil, quantia 94% maior do que foi pago na primeira fase de 2017: R$ 257,3 mil (valor corrigido pela inflação). Se vencer, o Madureira vai embolsar mais R$ 600 mil.
“A premiação é um valor considerável. Durante o ano só tenho duas receitas oriundas do futebol, que são as cotas de televisão do Estadual e da Copa do Brasil”, disse Elias Duba, presidente do time carioca, que recebe R$ 5 milhões pelo Estadual.
A equipe gasta cerca de R$ 300 mil por mês para manter seu departamento de futebol. Uma vitória nesta quarta arcaria com dois meses da folha de pagamento.
Os valores de premiação são os mesmos para os outros 70 clubes do Grupo 3 -times que não disputam a Série A do Brasileiro nem estão entre os 15 primeiros do ranking da CBF (Grupos 1 e 2).
No total, durante o torneio, a CBF distribuirá R$ 278,3 milhões aos 91 participantes.
O Madureira ainda encontrou outra forma de aumentar seu lucro na partida de estreia. Por R$ 120 mil, vendeu o mando do jogo para Fundação de Esportes de Londrina (FEL), que arcará com os gastos de logística das duas equipes e ainda dará um bônus de R$ 120 mil para o São Paulo, segundo apurou a Folha.
Por causa do acordo, a partida será no estádio do Café, em Londrina, e não no Rio.
Na Copa do Brasil, diferentemente do Campeonato Brasileiro, a CBF permite que se adote tal expediente.
A Caldense, que enfrenta o Fluminense nesta quarta, às 19h30, também recebeu proposta para vender seu mando de campo. De olho na premiação gorda, recusou.
“Queremos valorizar o nosso torcedor e a cidade. Se passarmos de fase, vamos receber mais R$ 600 mil”, disse o presidente do clube de Poços de Caldas (MG), Antônio Bento Gonçalves, que gasta R$ 200 mil por mês com o time.
A equipe está na primeira divisão do Estadual, pelo qual recebe R$ 750 mil. Neste ano também disputará a Série D do Brasileiro, competição na qual não há pagamento de cotas televisivas.
Adversário do Atlético-MG na próxima quarta-feira (7), o Atlético-AC é um exemplo de clube que conseguirá quitar quase toda a despesa do futebol em 2018 com uma vitória. O triunfo representaria R$ 1,1 milhão em caixa para cobrir uma folha salarial anual de R$ 1,4 milhão.
Recém-promovido à Série C, o clube não ganha nada pela participação no torneio nacional, nem no Estadual. No máximo, terá uma verba para a Copa Verde, mas este montante não foi definido.
Primeiro time do interior a ser campeão paulista, a Inter de Limeira disputa hoje a Série A2 (equivalente à segunda divisão) do Estadual. A equipe só jogará a Copa do Brasil por ter sido vice-campeã da Copa Paulista.
A Inter estreia contra o Rio Branco-AC na próxima terça-feira (6), mas não poderá aproveitar os R$ 500 mil pela participação no torneio. O dinheiro está bloqueado para quitar parte dos R$ 6,7 milhões que a equipe acumula em dívidas trabalhistas.
“Ainda não conseguimos o desbloqueio. Se conseguíssemos, esse valor seria importantíssimo para planejar o futebol do clube”, disse Paulo Eduardo de Toledo Barros, presidente da agremiação cuja folha salarial do futebol profissional é de R$ 150 mil.
CAMPEÃO MILIONÁRIO
Um clube do Grupo 1 que começa a disputa na primeira fase –casos de Atlético-MG, Atlético-PR (se classificou ao empatar nesta terça (30) com o Caxias), Botafogo, Fluminense, Internacional e São Paulo– e seja campeão vai faturar no total R$ 67,3 milhões.
Só para o vencedor da final, a CBF irá pagar R$ 50 milhões, contra R$ 6,1 milhões do torneio de 2017, em valor corrigido pela inflação.
As oito equipes da Libertadores -Corinthians, Chapecoense, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Santos e Vasco- só entrarão na Copa do Brasil nas oitavas de final.
Também entram nessa fase o América-MG, campeão da Série B de 2017; o Bahia, campeão da Copa do Nordeste; e o Luverdense, vencedor da última Copa Verde.
GOL FORA DE CASA NÃO SERVE MAIS PARA DESEMPATE
A Copa do Brasil teve uma mudança em seu regulamento neste ano.
Os gols marcados fora de casa não servirão mais como como critério de desempate. A regra era válida a partir da terceira fase, quando começam as partidas em ida e volta.
Assim como já aconteceu no ano passado, na primeira etapa da disputa -nesta e na próxima semana- será realizado apenas um jogo. A equipe que atua fora de casa se classifica para a segunda fase com um empate. Os visitantes foram definidos por meio do ranking da CBF de 2017.
Na segunda fase, entre os dias 14 e 21 de fevereiro, também haverá uma única partida. Os mandantes foram definidos em sorteio realizado em 2017. O São Paulo, se passar, atuará fora contra o vencedor do duelo entre Manaus-AM e CSA-AL.
Nessa fase, em caso de empate, o classificado será definido nos pênaltis.
Da terceira fase em diante, os mandos de campo para as partidas de ida e volta também serão determinados por sorteio.
As quartas de final, semifinal e final serão jogadas após a Copa do Mundo da Rússia, que começa em 14 de junho.
A Copa do Brasil tem o primeiro jogo da decisão marcado para 10 de outubro, e o segundo para o dia 17. O campeão terá vaga na fase de grupos da Libertadores de 2019.
O período de inscrição também foi prolongado. Os times têm até 30 de julho para regularizar seus jogadores.
NA TV
Madureira x São Paulo
21h45 Globo (para SP) e Fox Sports
Madureira x São Paulo
21h45 Globo (para SP) e Fox Sports
Fonte: Bocão News