🚨Contas públicas têm maior rombo para o mês de fevereiro da história


As contas do setor público consolidado, que englobam o governo federal,
os estados, municÃpios e as empresas estatais, registraram um déficit
(despesas maiores do que receitas) de R$ 23,46 bilhões em fevereiro,
informou o Banco Central nesta sexta-feira (31).
Trata-se do maior rombo para meses de fevereiro desde o inÃcio da série
histórica, em dezembro de 2001. Em fevereiro de 2016, o déficit das
contas do setor público consolidado foi um pouco menor: de R$ 23,04
bilhões.
Os números do BC mostram que, no acumulado do primeiro bimestre, as
contas do setor público consolidado registraram superávit, ou seja,
foram positivas, em R$ 13,24 bilhões. Esse cálculo também não considera
as despesas com juros da dÃvida pública.
Com isso, as contas registraram melhora frente ao mesmo perÃodo do ano
passado, quando o saldo também foi positivo, mas em R$ 4,87 bilhões.
No acumulado de doze meses até fevereiro, porém, o saldo ficou no
vermelho. Foi registrado um rombo fiscal de R$ 147,41 bilhões no perÃodo
– o equivalente a R$ 2,34% do Produto Interno Bruto (PIB).
Decomposição do resultado
Ao decompor o resultado de fevereiro, os números oficiais mostram que o
governo central (União, Previdência Social e Banco Central) registrou
um déficit primário de R$ 28,76 bilhões. Ao mesmo tempo, os estados e
municÃpios tiveram um saldo positivo de R$ 5,25 bilhões e, as empresas
estatais, apresentaram um saldo positivo de R$ 46 milhões.
Após pagamento de juros
Quando se incorporam os juros da dÃvida pública na conta, no conceito
conhecido no mercado como resultado nominal, utilizado para comparação
internacional, houve um resultado negativo de R$ 54,24 bilhões em
fevereiro.
Em 12 meses até fevereiro deste ano, o rombo fiscal somou R$ 535
bilhões, o equivalente 8,49% do PIB – ainda alto para padrões
internacionais e, também, para economias emergentes.
Esse número é acompanhado com atenção pelas agências de classificação
de risco para a definição da nota de crédito dos paÃses, indicador
levado em consideração por investidores.
básicos da economia (taxa Selic), fixados pelo Banco Central para
conter a inflação. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano e o Brasil lidera o ranking mundial dos maiores juros reais (após descontada a inflação).
Por outro lado, o BC tem registrado lucro com os contratos de swaps
cambiais – cujos ganhos, que são abatidos dos juros da dÃvida pública,
somaram R$ 2,1 bilhões em fevereiro deste ano, na parcial até o dia 24. O
BC ganha com as intervenções no câmbio quando o dólar cai, e vice
versa.
O pagamento de juros nominais somou R$ 30,77 bilhões em fevereiro deste
ano e R$ 388 bilhões em doze meses até fevereiro de 2017 (6,16% do
PIB).
DÃvidas lÃquida e bruta
Segundo números do Banco Central, a dÃvida lÃquida do setor público
(governo, estados, municÃpios e empresas estatais) subiu de R$ 2,92
trilhões em janeiro, ou 46,6% do PIB, para R$ 2,98 trilhões em fevereiro
deste ano – o equivalente a 47,4% do PIB.
A dÃvida lÃquida considera os ativos do paÃs como, por exemplo, as
reservas internacionais – atualmente ao redor de US$ 370 bilhões.
No caso da dÃvida bruta do setor público, uma das principais formas de
comparação internacional (que não considera os ativos dos paÃses, como
as reservas cambiais), o endividamento brasileiro também cresceu. Esse
indicador é acompanhado mais atentamente pelas agências de classificação
de risco.
Em janeiro de 2017, a dÃvida estava em 70% do PIB (R$ 4,39 trilhões), e
avançou para 70,6% do Produto Interno Bruto, ou R$ 4,45 trilhões, em
fevereiro deste ano.
Se for considerado o conceito usado pelo Fundo Monetário Internacional
(FMI) – que leva em conta os tÃtulos livres na carteira do BC – a dÃvida
bruta estaria em 78,3% do PIB em fevereiro deste ano.
Meta fiscal
Para todo ano de 2017, o objetivo foi fixado em um déficit primário
(despesas maiores do que receitas, sem contar os juros da dÃvida
pública) de até R$ 143,1 bilhões para as contas do setor público
consolidado.
No ano passado, o rombo fiscal somou R$ 155,7 bilhões, o maior da
história. Em 2015, o déficit fiscal totalizou R$ 111,24 bilhões. A
consequência de as contas públicas registrarem déficits fiscais seguidos
é a piora da dÃvida pública e mais pressões inflacionárias.
Para tentar fechar as contas neste ano, o governo anunciou nesta semana
alta da tributação sobre a folha de pagamentos e a instituição do IOF
para cooperativas, além do bloqueio R$ 42,1 bilhões em gastos públicos.(G1)