
Uma jovem estudante de 18 anos, que preferiu não se identificar, conta que sofreu agressões a pelo menos 6 meses dentro de casa onde morava com o namorado em Camaçari. A jovem relata também que vivia com as mãos e os pés amarrados e era agredida constantemente.
“De uma hora para outra ele endoidou e pegou a faca e me ameaçou. A partir de então, ele me deixou trancada dentro de casa. Não me deixava sair, não me deixava conversar com ninguém”. Contou a jovem.
A vitima mostrou marcas pelo corpo provocadas pelas agressões do namorado. “Isso aqui foi uma tesourada que ele deu em minha perna. Isso aqui foi um pedaço de madeira que ele estourou na minha perna”, mostrou.
“Sempre que eu falava que vinha aqui na casa, para ver ela, ele dizia que estava de saída ou as vezes dizia que não estava aqui, estava em Salvador. Cuidando de uma suposta avó, que ele inventou que tinha uma avó doente, e que ela estaria lá cuidando dessa avó”, falou o pai da jovem.
O casal estava junto há oito meses e morava em uma casa que pertence ao pai da vítima, no bairro Phoc II. Os avós da jovem moram em uma residência em cima do imóvel, mas não desconfiaram da situação. O caso só foi descoberto depois que o pai da menina resolveu ir ao local.
O homem conta que, ao chegar no imóvel, começou a chamar pela filha, que pediu socorro. O suspeito não estava na casa no momento do resgate. O homem entrou na residência e achou a filha amarrada, no quarto, com marcas de agressões no corpo.
“[Ao ouvir o pedido de socorro] foi quando eu entrei em desespero, “meti” o pé na porta. Quando eu cheguei aqui entrei, a minha filha estava amarrada, sem força para levanta”, contou o homem.
“Assim que meu pai me resgatou, que meu pai arrombou a porta de casa e me achou lá amarrada, toda ferida, eu peguei e falei: ‘Eu vou esquecer disso. E eu realmente esqueci e eu não consigo nem lembrar muito como é o rosto dele'”, disse a jovem, emocionada.
Segundo a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Camaçari, em 2018 foram registradas 1.354 mil queixas de violência contra a mulher. Uma média de três denúncias por dia.
Do total, apenas 1.127 mil resultaram em inquéritos. Conforme a Delegacia, o número de investigações abertas é menor que o de queixas porque muitas vítimas não comparecem às audiências para dar continuidade ao processo de investigação.
Neste ano, foram 127 queixas em janeiro, 124 em fevereiro e 101 até o dia 19 de março – totalizando 352 queixas.