Festa do Boi janeiro acontece neste sábado (06), em Pojuca

Festa do Boi janeiro acontece neste sábado (06), em Pojuca
Reprodução 
Completando quase cem anos de história, o município de Pojuca recebe nesta sexta-feira (06), a festa do Boi Janeiro que virou tradição na cidade. Invadindo as ruas, neste ano serão dois bois que ficarão responsáveis pela animação na noite de Reis. O Boi da nativa, Dona Lindú, mais antigo e tradicional, e o Boi da CULT 
Com destinos diferentes, o Boi da Dona Lindú partirá da Rua Alfredo Leite e o Boi da CULT  da Praça Edna Coute em direção à Praça ACM, a principal localização de Pojuca. Depois de percorrer as diversas ruas, será realizado apresentações culturais durante os festejos.
As celebrações que iniciam a partir das 20h, terão a participação do grupo de Samba de Roda. Grupo Musical os bacanas e jogo de cintura.  A festa do Boi Janeiro que é uma das maiores e importantes manifestações que mantém a cultura, será realizada pela Organização Cultural Pojuca de Arte (OCUPA), com o apoio da Prefeitura Municipal.

HISTÓRIA – BOI JANEIRO

“LÁ VEM O SOL

LÁ VEM A LUA
LÁ VEM BOI DE JANEIRO PASSEANDO PELA RUA”

Boi de Janeiro é uma manifestação cultural derivada do conhecido Bumba-Meu-Boi, no qual podemos encontrar características de origem portuguesa, indígena e africana. E só é conhecido como Boi Janeiro na Bahia, em outros lugares recebe variados nomes.

O Boi de Dona Lindú

Tudo começou quando aos 14-15 anos uma menina muito sapeca, foi para a festa do Boi Janeiro com seus pais, e lá ela avistou um boi das “gaias” muito grandes e assustada voltou correndo para casa com medo do boi. Sua mãe tentou levá-la de volta, mas a menina estava muito amedrontada.
“Mas menina porque você veio embora? Minha mãe fiquei com medo! Mas minha filha aquilo é gente, não é bicho e não vai pegar ninguém, não! Você ainda vai? Eu não, vou dormir! Fui dormir”, conta Dona Lindú a história no início de tudo.
“Quando foi no outro dia, chamei minhas colegas e perguntei: Vamos fazer um Boi Janeiro? Elas disseram vamos. Carreguei um papelão, fizemos do jeito de um boi, pegamos uns panos velhos e jogamos por cima. E quando foi de noite a gente caminhou para a casa do finado João Leite cantando…, um bocado de meninos, invadimos a casa dele e quando saímos de lá foi com um bocado de ‘queimados’ (balas), e foi aquela festa”. Surgiu assim o Boi Janeiro de  Dona Lindú, segundo a própria criadora.

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“Dona LIndu” Foto: OCUPA: Divulgação


Desde então o Boi Janeiro é peça marcante na cultura e na arte da cidade de Pojuca, com suas roupas, cores, brilho, cantorias e muita alegria por onde passa. O Boi Janeiro de Dona Lindú já foi tema da Conferência Estadual de Cultura da Bahia, no ano de 2011.
Mulher de fibra, a quase centenária Dona Lindú, mantém na memória todos os fatos que cercam  e enriquecem a história do Boi Janeiro.
Ela lembra ainda que ao sair da casa do Sr. João Leite, figura marcante em sua vida, ele a chamou e disse: “Tome aqui ‘ó’. Ele pegou e me deu 500 réis e eu saí de lá toda contente e cantando: Muito obrigado meu senhor, muito obrigado, o boi janeiro não pode sair fiado. E aí eu fui embora toda feliz com aquela ‘renca’ de meninos”, destaca D. Lindú.
Ela destaca também que naquela época não era um dia só de festa. Com a casa sempre cheia de filhos, netos, vizinhos e gente de toda a parte da cidade, se sentia realizada, com todos ao redor, para até 13 dias de folia pelas ruas, com desfiles e cantorias na reza de Santo Antonio. “E nessas treze noites a gente sambava aqui…o samba de viola…era samba até a derradeira noite”.
Legado
Preocupada com a manutenção da tradição, Dona Lindú delega á Mário Alberto Araújo, o Betão, a responsabilidade de dar sequência ao seu trabalho. “É esse doido aí quem vai seguir com o boi.” Revela carinhosamente se referindo à Betão que está logo ao lado.
Para a matriarca e mantenedora da tradição quase secular, ninguém mais em Pojuca poderia ser capaz de levar esta cultura por mais alguns anos na história, senão Betão, a quem se refere como alguém que se identifica, tanto com ela, quanto com a cultura. “Meus netos não querem, são evangélicos e dizem que não querem assumir, e eu tenho confiança nesse doido.” Brinca.

“Dona Lindu e o ‘doido’ Betão, seu sucessor” Foto: OCUPA/Divulgação

A folia do boi janeiro animava e envolvia a todos da comunidade. Segundo D. Lindu, durante todo o ano as pessoas juntavam dinheiro, para quando chegar o início de janeiro, estarem com suas roupas prontas para saírem às ruas animando e divertindo por onde passasse. “Uma dava 500 réis, outra dava 2 tons, outra 3 tons, quando acabava, a gente ia e comprava os panos. Chegando cá, cada uma dividia e fazia suas roupas e tava tudo pronto para a folia.” Revela.

Mas não era só o Boi Janeiro. Eram cordões denominados de: Trança-Fita, A Burrinha, Boi Janeiro e o último, segundo D. Lindú foi o União Brasileira, além da festa de Santo Antonio que ela conta com muito orgulho e com os olhos brilhosos de saudades.

A novidade deste ano, é que nossa equipe acompanhará de perto, esta belíssima festa, que também nos representa. 

                                                  PEGAvisãoCAMAÇARI 

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